O poder da oração, enaltecido em todas as comunidades, pelas suas propriedades paliativas de maleitas psicológicas, físicas e sociais, incha de proeminência no planeta high tech. Jimmy Carter, o 39º presidente dos Estados Unidos, amargava de horríveis hemorróidas e não se inibia de puxar, pelo nadegueiro assunto, entre seus pares. No seu livro de 1978 contou que, Anwar Sadat anunciou aos egípcios, que o “seu amigo Jimmy” sofria do hemorroidal, e apelou para que todos rezassem por ele, porque era um bom homem, que promovia a paz. Qual co2 laser, qual carapuça! No dia seguinte a dor desaparecera pela primeira vez. Carter pensou emitir uma declaração oficial, agradecendo todos os rezadeiros, mas decidiu que já falara demais do fundo das suas costas, e limitou-se pelo feliz brado: “nunca recebera tão bom presente de Natal”.
[Localizar as origens do rock progressivo é uma tarefa impossível. Se for necessário um princípio, que seja nos iniciadores da liberdade na música pop, a batedeira eléctrica de vários estilos, os The Mothers of Invention – “King Kong”. Na Inglaterra, no Marquee Club, no ano de 1967, o grupo residente, Clouds, (“Old Man”), influenciava clientes assíduos e futuras vedetas do prog rock, como Rick Wakeman ou Keith Emerson.
The Nice, com o massacre do órgão Hammond L-100 por Keith Emerson, citações de música clássica, jazz e canções fora do padrão três minutos da pop, representa o nascimento mais estrito do prog rock. Parte1 (mescla de “America”, de Leonard Bernstein, para o filme “West Side Story”, com “From the New World” de Antonín Dvořák) ++ Parte2 (versão de “Blue Rondo à la Turk” do Dave Brubeck Quartet) ++ “Hang on to a Dream”.
Desiludido pelo fraco reconhecimento comercial do grupo, em 1970, Keith Emerson forma os Emerson, Lake & Palmer, com Greg Lake, vindo dos King Krimson e Carl Palmer, dos Atomic Rooster, atingindo estatuto de supervedeta nas teen magazines e reservas dos críticos musicais, pouco impressionados com acrobacias no palco como apunhalar o Hammond ou tocar Bach ao contrário. “Fanfare for the Common Man” ++ “Toccata” ++ “Bitches Crystal”].
Ajoelhar, entre os jovens americanos, sempre foi um meio para perpetuar namoricos, e evitar que os namorados, atestados de genica, debandassem para as galdérias, despudoradas em fazer o tratamento total. Ajoelhar, apenas para rezar, é uma nova moda nos EUA, sobretudo entre as vedetas da família Disney. Donald e Mickey nunca foram apanhados por paparazzi em indecências, assim, também, as estrelas de carne e osso devem manter sobriedade e resguardo.
Selena Gomez é uma dessas vedetas. Recebeu o seu nome da rainha da Tejano Music, Selena, (“Si Una Vez”), assassinada em 1995, com 23 anos, pela presidente do clube de fãs e gerente das suas lojas, Yolanda Saldívar, que a endrominava nas contas. Em criança, Selena Gomez estreou-se no programa infantil de TV Barney, onde conheceu a melhor amiga, Demi Lovato, também na lista de pagamentos da Disney em Camp Rock (do seu CD de estreia “Get Back”). Em 2007 aparece como Makayla num episódio de Hannah Montana, negócio lucrativo da Disney, protagonizado por Miley Cyrus, filha do cantor country Billy Ray Cyrus, que pousou numas fotos de Annie Lebowitz, para a revista Vanity Fair, como ela tinha 15 anos, os americanos ficaram indecisos entre babar-se ou mostrar choque (“7 Things” ++ “Start All Over”). Nesse mesmo ano, Selena Gomez é contratada para o papel principal em “Wizards of Waverly Place”. E, obviamente, tem uma carreira na venda de discos a solo: “Fly to Your Heart” ++ “Cruella De Vil”.
A criogénica cabeça de Walt Disney zela pela moral e bons costumes do seu império. Não se permite rambóia, discotecas fora de horas, álcool ou drogas, preservativos nas malas e rapidinhas, de bruços, no lavatório da casa de banho. Nos estúdios Disney rezar-se-ia missa sem envergonhar o padre. Ora, Selena saiu melhor que a encomenda. O papá comprou-lhe, na sua igreja, um abençoado “anel da pureza”, para ela assumir o compromisso de guardar a virgindade para o casamento santificado. Jura a moçoila: “vou manter a promessa a mim própria, à minha família e a Deus”. A sabedoria popular descobrira que esperar é uma virtude, a ladinice padreca americana, atraiçoada por falsas virgens e pressionada pelo marketing de gadgets, inventa o expediente de esperar pela virtude.
Mr. T, o possante B. A. Baracus do A-Team, protagonizou uns famosos anúncios para os chocolates Snickers. Publicitariamente incorrectos foram retirados. Num deles xingava um praticante de marcha pelo rabigo comportamento, maneando as nádegas como um larilas, e epitetando-o de “uma desgraça para a raça masculina”. Coisas do milénio passado. Hoje, o jovem macho saltarilha entre Barbies ou Bratz, igualizando testosterona e estrogéneo. Por isso, o poder da oração apazigua também as hormonas juvenis masculinas.
Os prémios vídeo da MTV foram apresentados, este ano, por Russell Brand. Na introdução, o desbocado britânico insultou Wbush, incomodando muita gente, mas incomodou muito mais, quando larachou sobre os Jonas Brothers, (também elementos do gang Disney: “Hold On” ++ “When You Look Me In The Eyes”), porque mexeu num ninho de vespas, as fãs dos manos, uma tropa de choque sem piedade, cuja idade média ronda os 8 anos, e foi forçado a retratar-se com um pedido de desculpas. Russell escarneceu com o “anel da pureza”, que os três mocinhos orgulhosamente usam, como símbolo dos votos de castidade até ao casório. Não compreendia ele, como uns gajos, que podiam comer qualquer mulher no mundo, se metiam numa beatice daquelas.
No querido Portugal, uma profissão tem engrandecido o seu nível de pureza: os bófias. Na década de 80, os polícias, no cumprimento do dever, malhavam em tudo o que caçavam. Não havia distinção, de qualidade ou estatuto, entre ricos e pobres, levavam todos pela medida grande e fossem queixar-se ao D. Sebastião. Agora, felizmente, estão democráticos, só apanham os pobres. As forças de segurança, da era global, recebem bons exemplos doutros países na lida com criminosos. O Canadá contribui para o equilíbrio ecológico, realizando um massacre sazonal de focas bebés, para impulsionar o comércio de peles e vestir as vacas europeias e americanas, mas também colabora no progresso do trabalho “policiológico” (o trabalho policial feito com jeitinho respeitando os direitos dos humanos). A polícia montada canadiana provou que a idade não importa. Uma criminosa de 15 anos pode ser uma ameaça grave para um ou mais caparrudos agentes. E, antes que os polícias fiquem todos negros, o procedimento correcto é chegar-lhe a roupa ao pêlo para amansar.
Denúncias de violência policial, no querido Portugal, são perda de tempo. Leonor Cipriano, condenada pela morte da filha, acusa inspectores da Polícia Judiciária de lhe terem posto a cara num bolo, durante as investigações. Ela, com este acto tresloucado, destapou a caixa de canora, a voz técnica dos advogados lusos. Os causídicos evoluíram da caneca de cerveja e tremoços para a informática. Alegam imagens JPEG! Manipulações digitais! Cabalas! E Cipriano nem é capaz de identificar os agressores (risos judiciais!). No mundo real, quando nos enchem a marmita, vê-se estelas, não há discernimento para fixar caras de perfeitos desconhecidos, mas os tribunais vivem noutra dimensão. Neste lado da raia, as imagens do expediente, numa esquadra espanhola, para um juiz ou advogado, indicia um cidadão sem suspensórios e os polícias ajeitando-lhe as calças. Leonor Cipriano vai esperar sentada por responsabilidades do coordenador de brigada, director da PJ ou ministro da tutela.